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terça-feira, 13 de março de 2012

Um scanner e um motor de passo (intro)

Esqueletos de scanner


Para o que nos interessa, veremos nesta seção como é a parte de dentro de um scanner, ou seja a anatomia do equipamento.

Se você for curioso (o que recomendamos grandemente, por sinal - hehe!), você pode ver como o scanner é por dentro ao desmontar um que esteja fora de uso (isso porquê não indicamos que você inutilize o que tem em casa, claro...A não ser que você seja bom o suficiente...), embora aqui não mostraremos como... 

...


OBS1: Na imagem acima, a montagem que tínhamos no início. No lado direito da imagem temo um scanner que desmontamos e utilizamos sua estrutura mecânica para rodar fazer o movimento de ida e volta do experimento.


Mas vamos ao que interessa: 

Em geral, um scanner (de mesa) típico apresenta um sensor do dispositivo de carga acoplado (CCD - charge coupled device), espelhos, bandeja de vidro, lâmpada, lente, tampa (óbvio), filtros, barra estabilizadora, fonte, porta(s) de interface, circuitos de controle, e a parte física responsável pela movimentação:
  • cabeça de leitura
  • cinta
  • motor de passo
    • ou pode-se optar por coletar pelo próprio motor de passo, e para isso você tem de saber as relações entre as voltas das polias que conectam a conta ao motor de passo;
    • ou você pode usar um ultrassom, que veremos seu funcionamento em outra seção, que estamos a montar, ainda


Mas, então você observa e pensa: para que tudo isso...Se eu posso usar somente a cabeça de leitura (que é presa ao motor de passo por cintas) e o motor de passo? Afinal, eu posso ter um robozinho, sem ter que comprar um! (sim, não gostamos muito de sair gastando...)

O motor é este aqui, um MITSUMI Electronicsmodelo M35SP-7:

Motor visto por cima, perceba as polia acoplando a cinta do scanner ao motor com a barra estabilizadora passando por cima. 

OBS2: Percebe-se também os cabos que saem do motor - estes cabos serão ligados ao Arduino.


E o scanner, a propósito, que utilizamos no experimento é este (PLUSTEK OpticPro 4831P):
 
visto no início

visto depois das montagens dos sensores*
(*é a peça próxima dos cabos coloridos, no canto superior scanner dentro do scanner).


OBS3: os sensores, scanner, fonte de luz, Cd, e etc.., estão dentro de uma caixa que usamos para tornar o ambiente no scanner escuro o suficiente para captação dos sinais das raias do espectro eletromagnético.



Foi mais ou menos assim o porque de usarmos um scanner para fazer o movimento de ida e volta do sensor para captar os dados de irradiância...
Fora que, com o próprio movimento do scanner se coleta os dados de comprimento de onda.



Bom na seção a seguir veremos o funcionamento do motor de passo. Até lá!

Espectrofotômetro: Análise de Feixe - Refletido vs Transmitido


Feixe Refletido e Transmitido: Difração e o Comprimento de Onda



Para calcular o Comprimento de Onda pelo Motor de Passo, primeiramente devemos saber como o feixe da luz visível (o que vem da lâmpada) é decomposto nas cores do espectro e que formaram as raias visíveis no anteparo. Ou seja, antes de saber como calcular o comprimento de onda, devemos saber:

"como e porque as raias, que são definidas pelos comprimentos de onda estam ali"

(e depois de saber, calculamos o dito!)



Análise do Feixe: Transmitido vs Refletido

Assim, agora estudaremos como calcular os comprimentos de onda das raias que formam o espectro do feixe que sofreu difração, e de que modo este "desvio" resultará nas raia do espectro. Acontece que a análise do espectro do feixe difratado pode ocorrer com dois tipos de "arquitetura":


  • Análise por Feixe Transmitido: 


    • o feixe de luz sai da fonte, é convergido por uma lente, e sofre difração em uma rede de difração, a partir do qual será transmitido, até que as raias formadas sejam detectadas pelo sensor (um conversor de frequência, no nosso caso), e sabendo os parâmetros geométricos da montagem (como indicado no esquema da figura, o triângulo retângulo DxL), é possível se calcular os valores angulares, e consequentemente, o comprimento de onda.
Ou

  • Análise por Feixe Refletido

    • feixe de luz sai da fonte, é convergido por uma lente (na imagem ão está representada, embora seja usada para convergir o feixe), e sofre difração na rede de difração (na imagem, representada por um CD). Esta rede é girada (a partir de um motor, ou em um goniômetro nos equipamentos educacionais), de forma a observarmos o ângulo de difração para cada linha. Com posse deste valor se calcula os valores de comprimento de onda, com o veremos no próximo item.  


Agora sabemos as montagens que podemos utilizar. Devido a questões da estrutura do scanner para ser melhor aproveitado, de forma a se mover o sensor e não a rede de difração, preferimos adotar o primeiro esquema, fazendo a análise do espectro via feixe transmitido. Assim, vamos, ENFIM, aos cálculos do comprimento de onda do espectro.


Cálculo do Comprimento de Onda


No esquema, ponto F representa a fenda, θ representa o ângulo de projeção do feixe difratado, x é a distância entre o ponto central (máximo da interferência construtiva) e as raias do espectro (na região de primeira ordem), e D é a distância entre o CD e o CF-TSL235R. Do ângulo formado entre as distâncias D e L:

senθ = x/L

Pela figura acima, e como mostrado na figura do primeiro esquema (do feixe transmitido), temos:

L = (x2 + D2)1/2


Substituindo na equação do senθ:
senθ = x/(x2 + D2)1/2


E como vimos na seção anterior:
dsenθ =  Nλ

Nλ = d.[x/(x2 + D2)1/2]

Como veremos apenas as raias de primeira ordem, N = 1, ou seja:

λ = d.[x/(x2 + D2)1/2]
Desta forma, basta que saibamos as distâncias x e que seja medido os parâmetros d e D. 

  • As distâncias x são obtidas por meio das contagens do giro do motor de passo, e podem ser calculadas também por meio de um ultrassom colocado na posição da cabeça de leitura do scanner: 


ultrassom posicionado na cabeça de leitura, associado ao arduino. Também verifica a posição que se encontra o sensor, apartir do qual se determina a função na programação que começará, se encontra a fenda ou se faz a coleta de dados.
motor de passo, comanda a movimentação da cabeça de leitura, podendo através dele calcular os valores de comprimento de onda. Também associado ao arduino.


  • Por sua vez, o parâmetro D  é obtido via medição com régua
  • E o parâmetro da rede, d, é obtido via calibração do sistema, como na imagem a seguir:

Em (A), ponteira LASER, (B), o CD, (C) o trilho para ajuste da base do CD, (D) Cabeça de Leitura, (E) Suporte com o Sensor Conversor de Frequência, e (F) Anteparo para visualização dos pontos do feixe LASER que foram difratados (adotamos o central e o da direita da imagem) 

Na etapa de calibração do sistema, se utiliza a mesma ideia apresentada no cálculo de comprimento de onda, porém, para obtendo-se o valor de d, já que nesta etapa de calibração é utilizada uma ponteira LASER, com comprimento de onda conhecido (cor vermelha, cerca de 650nm).

Assim, calculando o valor de d, sabendo o valor D e coletando-se os valores de  x, se calcula (via programação noa arduino), os valores de comprimento de onda λ.


Agora, sabendo como calcular os valores de comprimento de onda, coletando-se os valores de irradiância e sabendo como e o que é difração, difração com muitas fendas e rede de difração, podemos partir para estudar o funcionamento de um espectrofotômetro, suas aplicações e que tipos existem.


OBS: por exemplo, os que funcionam analisando espectro de emissão e outros que analisam o espectro de absorção, mais presente na área comercial, devido ao interesse pela caracterização espectral de certas substâncias. 



Por agora, é só...

Até lá!

O que é um espectrofotômetro

Rede de difração através de CD

Um exemplo de rede de difração amplamente disponível é o CD. As ranhuras do CD se comportam como uma rede de difração, o que é facilmente observado quando o CD é iluminado com uma fonte de luz branca; a luz forma faixas coloridas, que representam as figuras de difração associadas aos diferentes comprimentos de onda da luz incidente.
Neste item faremos uma descrição técnica da sua construção para que possamos compreender melhor o processo de decomposição da luz através de um CD.

Estrutura e Funcionamento

O CD-ROM (sigla para: Compact Disc Read-Only Memory), foi desenvolvido em 1985 (Magalhães, Lunazzi, Figueroa, &; Dartora, 2002). Os CD-ROM podem armazenar qualquer tipo de conteúdo, desde dados genéricos, vídeo e áudio, ou mesmo conteúdo misto.
A técnica de fabricação dos CD-ROM consiste basicamente na prensagem da camada de policarbonato sobre um molde, que possui os sulcos, podendo ou não conter os dados. Primeiramente, um molde de vidro do mesmo tamanho de um CD normal é criado, este recebe uma camada sensível à luz e é queimado por um feixe de laser, o qual faz sulcos no CD. O molde é examinado e refeito diversas vezes até que esteja seguro de que não existam falhas.
A partir do molde de vidro é produzido outro metálico que será utilizado para a fabricação do CD (Figura 8). A camada de policarbonato (Cabello, Martinez, &; Junquera, 2008) é prensada neste molde e, sobre ela, é prensada a camada reflexiva. Por fim, anexa-se ao CD uma camada protetora de verniz. As depressões que serão formadas na carcaça do policarbonato são chamadas pits, as áreas normais entre eles são chamadas lands.

Figura 8 - Ranhuras na camada de policarbonato (Shuman, 2000)

Esta camada de policarbonato é constituída, portanto, de uma trilha, em forma de espiral com pits (cavidades) e lands (regiões planas), que circula do lado interno para o externo do disco, apresentando cerca de 1/2 m de espessura (comprimento mínimo de 0,83μm e altura de 125 nm) e com espaçamento entre si da ordem de 1600 nm conforme pode ser visto na Figura 9.

Figura 9 - Trilha espiralada em um CD (Marshall, Almeida, & Takase, 2007) e a representação esquemática dos Pits e Lands com a indicação das dimensões associadas.

A Figura 10 mostra em escala microscópica os sulcos demarcados no CD.

Figura 10 - Imagem de microscopia eletrônica das trilhas de um CD (Wissner, 2005).

Tais características fazem do CD uma excelente rede de difração didática, com distância entre os sulcos da ordem de 1,6mm, ou seja, aproximadamente 625 sulcos/mm.

Espectrofotômetros e seu Princípio de Funcionamento

Um espectrofotômetro é um equipamento capaz de discriminar os comprimentos de onda, por meio da decomposição de cores em prismas ou redes de difração. A luz branca comum tem seus vários comprimentos de ondas que são separados e analisados pelo equipamento, em função da variação da intensidade luminosa. O espectrofotômetro pode ter um custo elevado, considerando os disponíveis no mercado comercial e para usos didáticos (Lüdke, 2010). Apesar de boa precisão (PASCO, 2008) estes equipamentos apresentam custos ainda muito elevados para a maioria das escolas brasileiras.
Podemos ter dois tipos de espectrofotômetros com rede de difração: aqueles que analisam o feixe de luz refletido e aqueles que analisam o feixe de luz transmitido.

Análise Espectral do Feixe Transmitido

As redes de difração por reflexão (Lopes, 2007) consistem em uma superfície com muitas ranhuras, ou sulcos (Figura 11) com espaçamento entre cada ranhura. As dimensões dessas ranhuras são muito pequenas, podendo variar de 600 a 2400 linhas por mm dependendo da rede. Quanto maior o número de ranhuras ou sulcos, maior a capacidade de decomposição/resolução da rede.

Figura 11 - Ranhuras de uma rede de difração

Aqui ocorre o fenômeno da interferência construtiva, devido à diferença de caminho óptico ∆ em que a luz sofre após ser refletida em diferentes ranhuras (Figura 12).

Figura 12 - Rede de difração por reflexão

Para este tipo de espectrofotômetro (Alfons, 2010) fixa-se a posição da fonte de luz e um fotosensor (LDR, CF-TSL235R,...) como indica a Figura 13. Girando a rede de difração observamos o ângulo de desvio observado para cada linha a partir da fenda.  

CF-TSL235R
Figura 13 - Esquema para um espectrofotômetro com a rede de difração girando ao redor de um eixo.

O valor do comprimento de onda pode então ser obtido a partir da Eq. 12.

Análise Espectral do Feixe Refletido

Consiste numa rede de difração por transmissão uma película com muitíssimas fendas. Ao atravessar a rede, a radiação transmitida sofre difração em cada fenda e consequentemente interferências construtivas para cada comprimento de onda semelhante. A Figura 14 mostra um esquema da difração ocorrida em uma rede de difração.

Figura 14 - Difração ocorrida na rede de transmissão e diferença de caminho óptico ocasionando interferência (Lopes, 2007).

Muitos dos espectrofotômetros (Lüdke, 2010) (PASCO, 2008) (Cavalcante, Tavolaro, & Haag, 2005) didáticos são baseados na análise por feixe transmitido. Neste caso o espectrofotômetro é constituído por uma ampola de lâmpada (de certa substância), de alta intensidade, alinhada com uma lente convergente (Lc), de modo a colimar o feixe da lâmpada e defini-lo para que seja decomposto, por exemplo, por uma rede de difração (CD), e projetado em um anteparo, em seus vários comprimentos de onda (Figura 15). Um fotosensor faz uma varredura ao longo da tela e fornece a informação da intensidade de luz em função do angulo de desvio da radiação.

Figura 15 - Esquema para um espectrofotômetro com rede de difração por feixe transmitido. Neste tipo de análise, o CF-TSL235R é que se move. A camada refletora do CD pode ser facilmente retirada, utilizando fita adesiva (Cavalcante, Tavolaro, & Haag, 2005) (Catelli, 2010).

Na Figura 16, o ponto F representa a fenda, θ representa o ângulo de projeção do feixe difratado, é a distância entre o ponto central (máximo da interferência construtiva) e as raias do espectro (na região de primeira ordem), e D é a distância entre o CD e o CF-TSL235R.
O esquema da Figura 16 mostra como é possível se determinar o comprimento de onda da radiação em função do desvio x observado na tela.

Figura 16 - Esquema de montagem usada na análise por feixe transmitido.
Do ângulo formado entre as distâncias D e L, temos a Eq. 13:

  (13)
Se L =  (14), então temos (Eq. 15):
   (15)
Para a determinação do comprimento de onda da radiação devemos determinar o ângulo q para o qual a radiação de comprimento de comprimento de onda l produz um ponto de máxima intensidade. Fixando uma dada distancia D entre o CD e a tela, podemos obter os valores de comprimentos de onda a partir da Eq. 16, obtida pela substituição da Eq. 15 na Eq. 12:
(16)

Início de tudo

Ah, mais um projeto se desenvolvendo...

Este blog se destina aos textos de referencias conceituais, teóricas, e resultados do projeto, além de descrições sobre funcionamento de cada componente do espectrofotômetro montado.

Aqui será postado informações úteis sobre o espectrofotômetro, seu funcionamento e uso; também, sobre como se pode automatizá-lo para adequação em um laboratório remoto, do qual estará disponível graças a equipe formada por alunos da Física e Ciências da Computação, PUC-SP. Este laboratório será utilizado não somente para o experimento aqui descrito, mas também para vários outros experimentos, desenvolvidos pelos próprios alunos componentes da equipe.

Todas as características referentes ao uso do laboratório remoto, suas aplicações e possibilidades estarão descritas nas páginas específicas, com explicações, vídeos e textos, creio, com uma linguagem de fácil assimilação.

Nas primeiras postagens serão destinadas atenções especiais ao funcionamento do espectrofotometro e breve descrição dos fenômenos físicos que ocorrem. Maiores informações estarão disponíveis nas páginas "Espectrofotômetro:O que é?" e "Espectrofotômetro: Componentes". A parte teóricas, com simulações, animações e textos, está disponível na página "Teoria com simuladores". E não somente isso, como, em paralelo, breves textos explicativos sobre o uso de laboratórios remotos, com links interessantes para o que vem sendo utilizado e realizado com experimentos de física, com acesso remoto, ao longo das universidades deste país (como o RExLab, da UFSC) e de outros lugares.

Como este blog também será uma parte do (meu) TCC, deve-se adequar a teoria com uma justificativa do porque se utilizar esta metodologia, com laboratório remoto. Portanto, também haverá uma página "Ensino com projetos", referente as implicações, benefícios e características do Estudo orientado com Projetos (como o espectrofotômetro, por exemplo, que atende usuários e alunos a lugares muito distantes, e com possibilidade de aprendizagem desde conteúdos teóricos, até um banco de dados, onde se é possível levantar caracterísitcas dos componentes de comprimentos de onda, levantamentos estatísticos, desvios, etc.)

E já que é um TCC, também serão colocados resultados do experimento (página "Resultados"), com um link para o endereço onde estará disponível a visualização do equipamento automatizado, desde a varredura do sensor (na ida e na volta), até movimentação da rede de difração; também estará disponível visualizações de gráficos, em tempo real, com os dados sendo repassados para um banco de dados com todas as medidas realizadas.

Finalmente, também serão colocadas as referências de textos, links, vídeos, figuras que aqui foram utilizadas (página "Referências e Conclusões")

BOM, já nos apresentamos, então, vamos ao que interessa: informações e desenvolvimentos do projeto!


Lá vamos nós!